quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Psicologia Da Religião

                                                            Religião E Personalidade


     Há algumas teorias da personalidade que levam em conta o aspecto religioso no desenvolvimento. Gordon W. Allport (1897-1967) ocupou-se com a questão da importância da religião para a personalidade. Ele distingue a personalidade imatura da madura. 

  • Uma Personalidade Madura amplia seus interesses correntemente  para além das necessidades físicas. A pessoa tem compreensão para consigo mesma e organiza a vida de uma maneira homogênea. 

     Allport introduz também o conceito do sentimento religioso. O sentimento designa o total direcionamento dos pensamentos e emoções para um assim chamado valor-objeto, como a mãe ou a pátria. Esse sentimento pode ter um conteúdo positivo ou negativo. No caso de um sentimento religioso maduro, dá-se a disposição de reagir positivamente a objetos ou princípios , aos quais se atribui um alto valor para a própria existência. Fé e religião são consideradas aqui criticamente. Uma religiosidade madura contém sua motivação em si mesma, não sendo, portanto, motivada de fora. Além disso, o nível ético é elevado, e surge uma divisão da vida, com experiências positivas e negativas, válidas universalmente. Um modelo de vida integrativo e harmônico é seguido.

     O sentimento religioso imaturo leva a uma posição acrítica diante da religião. Defeitos e fraquezas são reprimidos. Disso podem surgir conflitos, medos e preconceitos. As pessoas não se orientam pelo próprio desejo e necessidades, mas pelas influências vindas de fora.

Gordon W. Allport (1897-1967)

     A religiosidade, segundo Allport, desenvolve-se lentamente. Primeiro, a criança desenvolve um comportamento internalizado sem entendê-lo. Com o passar dos anos, conexões são compreendidas e postas em relação consigo mesmo. Na fase seguinte de sua vida, a pessoa quer ter as próprias experiências com a fé e a religião. E começa a refletir sobre isso. Uma fé madura só pode surgir da interação entre a fé e a dúvida.
     Mais tarde, os conceitos de religiosidade madura e imatura não foram mais empregados por Allport. Em vez disso, ele introduziu os conceitos de Religiosidade Intrínseca, ou seja, interior, e Religiosidade Extrínseca, ou seja, exterior. Ele constatou que frequentadores de igreja apresentam preconceitos mais fortes, por exemplo, contra pessoas de pele escura, do que pessoas que não vão à igreja. Allport descobriu que pessoas com religiosidade intrínseca manifestam menos preconceitos. Mais preconceitos tem as pessoas que se posicionam muito positiva e acriticamente diante da religião. Segundo ele, as pessoas com religiosidade intrínseca internalizaram a sua fé e vivem plenamente segundo ela. No outro grupo há uma falta de proteção em virtude da desordem dos sentimentos e pensamentos. Disso resulta a angústia, a qual o adepto da igreja procura combater por meio da religião. A religião, por tanto, é usada para a obtenção de consolo e segurança, mas não é vivida.

     Carl Gustav Jung (1875-1961) atribui à religião um papel importante na vida das pessoas. Assim como Freud (1856-1939), Jung parte do inconsciente. Na expressão simbólica do inconsciente, ele encontra coincidências entre diferentes religiões, culturas e indivíduos. A partir disso, desenvolve a teoria do Inconsciente Coletivo, que apresenta as mesmas estruturas para todas as pessoas, os assim chamados Arquétipos. No Inconsciente Coletivo são coligidas as experiências humanas fundamentais, como acontecimentos naturais, experiências de vida, seres transcendentes, como o demônio, e a unidade da própria pessoa, o Self (em alemão, Selbst). Essas experiências fixaram-se como imagens originárias, denominadas por Jung de Arquétipos. Estes são transmitidos de geração em geração e ocorrem, por isso, em todas as culturas. As imagens arquetípicas, em geral, não são compreensíveis, precisando ser decifradas. A religião está presente sobretudo na idade adulta. O arquétipo "Deus" aparece com cada vez mais clareza. O organismo tem o objetivo de integrar esse arquétipo. Esse fim é denominado também de Self. Para que o Self se desenvolva plenamente é necessário o entendimento com diferentes arquétipos.

Carl Gustav Jung (1875-1961)




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