sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Terapia Familiar

                                                                          Saiba  +

                             Terapia Familiar Centrada Na Experiência Segundo Virginia Satir


     Famílias pequenas, formadas no século 20, são frequentemente sobrecarregadas com sentimentos, expectativas e relações. Ideais como o de par romântico, fidelidade e amor paterno protetor, na maioria das vezes, não são realizáveis. Disso resultam crises de relacionamento, separações e conflitos entre as gerações. Nos casos mais graves, podem surgir distúrbios psíquicos em um ou em mais membros da família. Os membros da família adoecem, individualmente, a fim de proteger o sistema familiar como um todo. Cada um dos membros contribui para a estabilidade do sistema. Satir faz uma distinção entre o sistema familiar perturbado e o estimulante ou facilitador.

     Num Sistema Familiar Perturbado, a comunicação é emocionalmente pobre, como expressões lacunares e um modo de  falar baixo ou, então, muito alto. Os membros tem dificuldades em escutar uns aos outros, mantendo raramente contato visual. A postura corporal rígida e o mau humor são característicos dos membros desse tipo de família. 

     Em um Sistema Familiar Estimulante, contrariamente, a linguagem é clara e objetiva, conversando-se também sobre sentimentos. Os membros escutam uns aos outros, e mantem frequentemente contato visual. O estado de ânimo é otimista, e a linguagem corporal é variada e flexível. 

Virginia Satir (1916-1988)


     Há quatro padrões de comunicação que podem ser empregados por um membro a fim de proteger a sua autoestima nos embates familiares: pacificação, reclamação, racionalização e distração.
  1. Pacificação - optando pela pacificação, o membro familiar procura não irritar os outros, utilizando por isso expressões cuidadas e assentindo a todas as afirmações dos demais membros. Ele próprio se sente medíocre, buscando continuamente a culpa em si mesmo. O medo de vir a ser abandonado é muito grande;
  2. Reclamação - quando, contrariamente, os membros da família vem um deles como mais forte, então pode vir a ser empregado o modelo da reclamação. O membro da família argumenta alto e bom som e não espera pela resposta. Não interessa o que é dito nem se tem significação. Trata-se apenas de mostrar aos outros que tem o poder. A própria pessoa se sente muitas vezes incompreendida, sem valor e solitária. O ataque é usado como defesa;
  3. Racionalização - o membro familiar fala de modo razoável e esclarecedor, mas num tom monocórdio. O conteúdo de sua fala não tem nenhuma relação com os próprios sentimentos. O membro tem medo dos sentimentos e de perder o controle. Por meio do seu modo de falar, ele provoca nos outros tédio e aversão;
  4. Distração - por meio de uma rápida mudança de assunto, o membro procura preservar o outro de uma ameaça qualquer. Não se entra no mérito da questão, evitando-se temas concretos. O próprio membro se sente desorientado.

     Na Terapia, em primeiro lugar, a história da família é reconstruída. As experiências infantis dos pais também são importantes. Pode-se elaborar a árvore genealógica da família ou ainda coligir todos os costumes e histórias da família. Frequentemente se montam álbuns de família. Nessa forma de Terapia a interação e a comunicação também estão em primeiro plano. Os padrões de comunicação mencionados podem ser trabalhados e flexibilizados por meio da Representação de Papéis. 



Terapia Familiar

     Nessa forma de Terapia, em primeiro plano não se encontra o indivíduo, mas toda a Família. Parte-se do princípio de que os problemas do indivíduo surgem da inter-relação entre os membros da respectiva Família. Cada Família tem a própria estrutura, e seus membros desenvolvem o próprio modo de lidar uns com os outros.

     A família é determinada por meio de suas estruturas de comunicação, suas expectativas e pontos em comum. Cada membro da família atua sobre o outro e é, por sua vez, influenciado por este. Distúrbios anímicos são considerados distúrbios da comunicação familiar. Na Terapia, trata-se de mostrar aos membros da família novas possibilidades, novos estilos de comunicação e modos de comportamento, por meio dos quais a relação entre eles possa ser melhorada.



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Gestaltoterapia Ou A Terapia Da Gestalt

     A Terapia Gestalt (ou da Forma) foi fundada por Fritz Peris (1893-1970). É uma forma holística de terapia baseada na Psicologia Profunda, na Teoria Gestalt e na Filosofia da Existência. A vida humana é concebida como processo contínuo, no qual o indivíduo se encontra permanentemente em uma interação produtiva com seu meio ambiente. Peris parte, assim, de um processo de crescimento constante, bem como do potencial e da motivação interna humanos para a saúde psíquica e espiritual.


Fritz Peris (1893-1970)

     As pessoas sadias mantem um equilíbrio orgânico entre fazer contato e afastar-se. Quando sobrevém um distúrbio psíquico, esse ciclo é interrompido conforme a intensidade do distúrbio. Além disso, surge em primeiro plano, em conformidade com a necessidade da situação, um pensamento ou um sentimento como figura (ou forma) que deve ser satisfeita. Sendo possível a sua satisfação, então a forma pode retornar ao Inconsciente, dando lugar para uma nova necessidade. 
     Se, porém, a necessidade não puder ser satisfeita, surgem então distúrbios de contato. Para controlar esses distúrbios, são desenvolvidas determinadas estratégias. Uma delas é o esmaecimento dos próprios limites, no sentido de uma delimitação deficiente entre interior e exterior. Outras estratégias são a substituição de necessidades próprias por alheias, bem como a projeção, pela qual sentimentos próprios são desvalorizados e transferidos a outros. Do mesmo modo, impulsos agressivos, originalmente dirigidos a outros, são voltados para si mesmo.

     Os objetivos dessa terapia são o crescimento, a auto realização e a assunção de responsabilidade por si mesmo. Na sessão terapêutica estão em primeiro plano a vivência e o comportamento mais importantes para o paciente no momento. Desse modo se forma uma Gestalt, que reflete o sentimento atual. A pessoa deve, durante a terapia, ser sensibilizada para a percepção de situações e necessidades. Só assim é possível estimular o poder da autocura. A pessoa em questão deve reconhecer quando e como ela evita certos sentimentos e assuntos. Se existem situações do passado irresolvidas, estas devem ser revividas em diálogos, representações teatrais ou imaginações. Desse modo são liberados sentimentos e lembranças reprimidos, de modo que a forma aberta possa fechar-se novamente. 

     O terapeuta traz à expressão sentimentos e comportamentos do paciente, que por ele não são mais conscientemente percebidos. Sentimentos desagradáveis, como luto ou ódio, devem ser consentidos, a fim de que se possa ir à sua raiz. Assim, a pessoa pode contemplar-se de um modo mais realista e honesto, aceitar-se e desenvolver novos padrões de vivência.

Gestaltoterapia

                                                                     Saiba  +

                                           Os Nove Mandamentos Da Terapia Da Gestalt


     A Gestaltoterapia teve uma grande difusão nos anos 1960, na época, portanto, dos protestos da juventude e do movimento Hippie. Com base na assim chamada Filosofia Anárquica, foram desenvolvidos os Nove Mandamentos da Terapia Gestalt:

  1. Vive Agora! Cuida do presente, e não fantasia com passado ou futuro.
  2. Vive Aqui! Ocupa-te com os presentes, em vez de que com os ausentes.
  3. Para de representar as coisas! Experimenta a realidade!
  4. Para de pensar inutilmente! Melhor: prova e vê!
  5. Expressa-te! Em vez de manipular, explicar, justificar e julgar.
  6. Confia! Confia-te tanto ao agradável quanto ao desagradável.
  7. Diz Não! Não aceita nenhum "deve" ou "precisa" senão os próprios.
  8. Assume! Sê responsável por todos os seus pensamentos, sentimentos e ações.
  9. Aceita! Aceita a ti (aos outros) como és (como são) agora.

                                     (Apud: MARCUS, E. Gesralttherapie. Hamburg, 1979.)



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Consultoria Psicológica - O Que Vem A Ser?

     As clinicas de Consultoria são pontos de escala para pessoas que desejam falar sobre temas e questões pessoais. Numa Consultoria Psicológica são abordados conflitos estressantes, que podem sobrevir em determinadas fases ou situações da vida. Em primeiro plano estão as crises e o respectivo controle. As consultorias oferecem serviços de Aconselhamento Psicológico específicos, destinando-se a uma determinada clientela. O trabalho de Aconselhamento Psicológico baseia-se nos recursos e possibilidades de desenvolvimento do indivíduo.
     Existem consultorias educacionais que oferecem apoio à família, em problemas tais como conflitos entre pais e filhos, dificuldades na escola, separação do casal, violência familiar ou crises da juventude. Buscam-se soluções para problemas educacionais, e encaminham-se medidas de controle de distúrbios e crises. Muitas clinicas de consultoria também oferecem Terapias para crianças, jovens e pais. Profissionais, como educadores e professores, também são aconselhados.



      Além da conversação, também podem ser oferecidas informações sobre o auxílio social, bem como formados grupos de maternos ou lúdicos. Outro possível campo de atuação é o Aconselhamento Sexual. Em primeiro plano estão, nesse caso, a educação ou esclarecimento sexual, o acompanhamento de distúrbios sexuais, preparações para a maternidade ou prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS por exemplo. No caso do Aconselhamento Psicossocial voltado para a dependência de drogas, além das medidas profiláticas, como campanhas de esclarecimento em escolas, são oferecidos também o Aconselhamento de Adictos e o apoio na escolha e procura de Terapias adequadas bem como possibilidades de desintoxicação.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Mediação

     A Mediação é um procedimento extrajudicial de solução de conflitos, no qual as partes conflituosas devem desenvolver autonomamente soluções, que contribuam para a satisfação de todas as partes envolvidas.
     Quando há um conflito entre duas pessoas, a consulta a uma terceira pessoa que seja neutra pode facilitar a solução. Parte-se do princípio de que ambas as partes possuem a mais alta competência para solucionar o conflito. As partes são apoiadas por um Mediador Neutro, que defende os interesses de todos os participantes. Quando, durante a tentativa de solução, surge entre as partes algum desequilíbrio, este é tematizado pelo Mediador, que procura, desse modo, restabelecer o equilíbrio perdido. 
     O objetivo da mediação são regras e acordos sobre como as partes querem inter-relacionar-se no futuro. No começo de uma mediação, as partes conflituosas são esclarecidas acerca dos princípios, fins e do conteúdo desse procedimento. Com frequência, regras e condições são estabelecidas em um contrato de mediação. É imprescindível que se deixe o outro falar, e que o diálogo seja conduzido de um modo leal. 



     O processo de mediação pressupõe também a participação de livre e espontânea vontade das partes. O mediador determina, com seu comportamento e seus valores, o clima da conversação. Como um modelo, ele mostra como as pessoas podem lidar umas com as outras. Em seguida, os temas em disputa são descritos. Cada parte pode expor seu ponto de vista, sendo também esclarecidos pelo Mediador em que pontos já há coincidências. Com base nisso se elaboram, então, as possibilidades de solução. O Mediador auxilia as partes a terem compreensão para com o ponto de vista da outra. É importante, aqui, descobrir quais são os interesses e necessidades do outro. Na solução do conflito, os interesses de ambas as partes devem ser contemplados, e não, por exemplo, impor à força a própria posição. A partir das alternativas de soluções levantadas, entra-se, por fim, num acordo, o qual deve ser assentado por escrito.




     A mediação de conflitos pode ser empregada em diversos setores. No contexto familiar, por exemplo, são elaboradas sobretudo as consequências de brigas e separações dos casais. Em primeiro plano estão, nesse caso, questões legais acerca do poder familiar, pensão, etc. Mas a mediação vem ganhando em importância também na vida econômica. Com efeito, esse procedimento tem sido empregado nos locais de trabalho, assédio moral ou mobbing, conflitos tarifários, fusões ou aquisições corporativas. Outro importante campo de ação da mediação é a escola. Aqui se trata, principalmente, do controle de conflitos entre alunos e da prevenção de violência. É frequente, nesse caso, a assim chamada Mediação por Pares (em inglês, Peer Mediation). Alunos selecionados são treinados em arbitragem ou solução de conflitos, e então passam a auxiliar os colegas a chegarem a um entendimento.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Psicologia Profunda E Seus "Pseudos..."

     O termo "Psicologia Profunda" é empregado hoje em dia como coletivo. Abrange todos os procedimentos terapêuticos que analisam o Inconsciente. Em primeiro plano está a relação dinâmico-pulsional entre os sentimentos e a vontade. O termo também é usado para traçar uma linha divisória entre a Psicanálise de Sigmund Freud e as formas de terapia a que ela deu origem, desenvolvidas por Alfred Adler, Carl Gustav Jung e outros... O ponto de partida da Psicologia Profunda é o fato de as pessoas terem sentimentos, lembranças e pensamentos que não chegam à Consciência, mas ficam ocultos no Inconsciente. Contudo, eles intervêm no comportamento e nas vivências Conscientes, o que pode expressar-se, por exemplo, em Atos Falhos ou também em Distúrbios da Personalidade. 




         Distúrbios Psíquicos e doenças são considerados efeitos de um desenvolvimento deficiente na infância, no qual aspectos físicos herdados ou congênitos também podem desempenhar certo papel. Quando o estresse psíquico é intenso, podem surgir doenças psíquicas que requerem tratamento psicológico. Na terapia, a história pessoal do paciente é desvelada, com o objetivo de este adquirir uma melhor compreensão de si mesmo. Para operar uma alteração da personalidade, são elaboradas as causas Inconscientes de sintomas físicos ou anímicos. Por meio da conscientização das conexões vitais até então Inconscientes, procura-se provocar no paciente a compreensão e a consequente mudança de comportamento. No centro da terapia se encontram, portanto, o desvelamento e a elaboração de conflitos Inconscientes a fim de solucionar de problemas psíquicos.
         Vejamos a seguir as diversas formas de Psicologia Profunda, focando em uma em particular, A Psicanálise!



Métodos Diagnósticos

                                                                 + Testes Psicológicos

     Por meio de Testes Psicológicos, podem-se apreender qualidades como inteligência, capacidade de realização e características de personalidade. Assim, quando se tem de avaliar o comportamento de realização ou de trabalho de alguém, realiza-se para isso um teste de capacidade. O examinando é estimulado, por meio de instruções prévias, a obter o melhor resultado possível. Não deve, portanto, mostrar um comportamento típico, mas sim um comportamento máximo. Entre os testes de capacidade, contam-se os testes de desenvolvimento, concentração, de apropriação, os testes escolares e também os de inteligência. Nos testes de concentração, os participantes tem de concentrar-se durante um longo tempo em uma tarefa. Da concentração também faz parte a atenção. Por isso, os testes de concentração também são concebidas de modo que possam ser resolvidas facilmente por todos os examinandos. Elas tem de ser conhecidas, e a solução, dominada. Num período de tempo predeterminado, devem-se realizar o maior número possível de tarefas. A partir do resultado, então, podem-se tirar retroativamente conclusões sobre o desenvolvimento da concentração.

   



     Hoje em dia, a inteligência é vista como um conceito-guarda-chuva ou termo geral que designa diferentes capacidades. Há muitos testes de inteligência, que tem por base diferentes concepções teóricas. Todo teste de inteligência fundado cientificamente distingue-se por conter perguntas padronizadas ou instruções práticas. As respostas são avaliadas segundo diretrizes predeterminadas. O resultado do teste, por fim, comparado com os valores médios correspondentes ao gênero e à idade do examinando. Desse modo se pode encontrar o assim chamado quociente de inteligência.
    Além disso, os testes de inteligência tradicionais não avaliam a criatividade. Por isso se desenvolveram cada vez mais testes, que também levam em consideração a criatividade. Nestes testes, devem-se desenvolver o maior número possível de soluções.
    Estes testes são realizados em geral por meio de computador.  






domingo, 16 de fevereiro de 2014

Métodos Diagnósticos

                                                                    +  Entrevista

     A entrevista é um método por meio do qual o psicólogo, na forma de uma conversação, obtém informações para o seu diagnóstico. Em sua exploração, a análise de um problema atual está em primeiro plano. Os diálogos podem ser travados com o próprio cliente ou com outras pessoas, como parentes, por exemplo. 
     Este processo é denominado anamnese, que pode ser própria (auto-anamnese) ou alheia (hetero-anamnese). Na anamnese é apreendida a história do desenvolvimento de uma pessoa. São coletadas informações sobre as vivências, o comportamento e sobre o estado de saúde. As conversações podem ser estruturadas de modo mais ou menos rigoroso. Nas conversas livres, o conteúdo principal não é pré-fixado. Nos diálogos semi-estruturados, os horizontes de interrogação são pré-definidos. Já quando perguntas concretas são predeterminadas, fala-se então de entrevista (totalmente) estruturada.
     No decorrer da conversação, observam-se também a mímica, o gestual, a postura corporal e a linguagem, isto é, dados observados também são levados em conta no diagnóstico por meio de entrevista. O objetivo de uma entrevista pode ser a descrição da personalidade de um indivíduo, portanto, a apreensão de suas qualidades, motivos e comportamento. No processo de recrutamento de pessoal, a entrevista pode servir para eliminar os candidatos inadequados.  




sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Métodos Diagnósticos

                                                             + Observação

     Por meio da observação se apreende os comportamentos segundo sua frequência, intensidade e duração. Há também várias espécies de observação:


  • Na auto observação, em primeiro plano não está apenas o comportamento externo, mas também a vivência interna. Com efeito, por meio de um questionário, por exemplo, pode-se apreender o estado de ânimo momentâneo;



  • Na observação alheia, distingue-se a observação participante da não-participante. Na observação participante, o observador está envolvido no acontecimento, enquanto, na observação não-participante ele é um espectador passivo;



  • Uma observação casual se dá, em geral, de modo inesperado. 



Métodos Diagnósticos

     Em todos os campos da Psicologia, não apenas no da Psicologia Clínica ou do Desenvolvimento, são realizados procedimentos diagnósticos. Não se trata apenas de propor um diagnóstico ou de avaliar a capacidade de realização. Igualmente importantes são a análise de processos de grupos, a verificação da aptidão de relacionar-se ou a credibilidade, o diagnóstico de atitudes e opiniões e muito mais. Há diversos métodos de coletar dados para a diagnose.



Métodos Psicológicos E Intervenções

     Uma parte essencial do trabalho psicológico é constituída pela diagnose. Em toda etapa do trabalho podem ser aplicados testes. Não são realizados apenas testes, mas também observações e diálogos. Diagnóstico e terapia estão intimamente ligados um com o outro. Depois dos testes e das consultas são estabelecidos os fins terapêuticos e escolhidos os procedimentos terapêuticos adequados.



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Psicologia Da Religião

                                                            Religião E Personalidade


     Há algumas teorias da personalidade que levam em conta o aspecto religioso no desenvolvimento. Gordon W. Allport (1897-1967) ocupou-se com a questão da importância da religião para a personalidade. Ele distingue a personalidade imatura da madura. 

  • Uma Personalidade Madura amplia seus interesses correntemente  para além das necessidades físicas. A pessoa tem compreensão para consigo mesma e organiza a vida de uma maneira homogênea. 

     Allport introduz também o conceito do sentimento religioso. O sentimento designa o total direcionamento dos pensamentos e emoções para um assim chamado valor-objeto, como a mãe ou a pátria. Esse sentimento pode ter um conteúdo positivo ou negativo. No caso de um sentimento religioso maduro, dá-se a disposição de reagir positivamente a objetos ou princípios , aos quais se atribui um alto valor para a própria existência. Fé e religião são consideradas aqui criticamente. Uma religiosidade madura contém sua motivação em si mesma, não sendo, portanto, motivada de fora. Além disso, o nível ético é elevado, e surge uma divisão da vida, com experiências positivas e negativas, válidas universalmente. Um modelo de vida integrativo e harmônico é seguido.

     O sentimento religioso imaturo leva a uma posição acrítica diante da religião. Defeitos e fraquezas são reprimidos. Disso podem surgir conflitos, medos e preconceitos. As pessoas não se orientam pelo próprio desejo e necessidades, mas pelas influências vindas de fora.

Gordon W. Allport (1897-1967)

     A religiosidade, segundo Allport, desenvolve-se lentamente. Primeiro, a criança desenvolve um comportamento internalizado sem entendê-lo. Com o passar dos anos, conexões são compreendidas e postas em relação consigo mesmo. Na fase seguinte de sua vida, a pessoa quer ter as próprias experiências com a fé e a religião. E começa a refletir sobre isso. Uma fé madura só pode surgir da interação entre a fé e a dúvida.
     Mais tarde, os conceitos de religiosidade madura e imatura não foram mais empregados por Allport. Em vez disso, ele introduziu os conceitos de Religiosidade Intrínseca, ou seja, interior, e Religiosidade Extrínseca, ou seja, exterior. Ele constatou que frequentadores de igreja apresentam preconceitos mais fortes, por exemplo, contra pessoas de pele escura, do que pessoas que não vão à igreja. Allport descobriu que pessoas com religiosidade intrínseca manifestam menos preconceitos. Mais preconceitos tem as pessoas que se posicionam muito positiva e acriticamente diante da religião. Segundo ele, as pessoas com religiosidade intrínseca internalizaram a sua fé e vivem plenamente segundo ela. No outro grupo há uma falta de proteção em virtude da desordem dos sentimentos e pensamentos. Disso resulta a angústia, a qual o adepto da igreja procura combater por meio da religião. A religião, por tanto, é usada para a obtenção de consolo e segurança, mas não é vivida.

     Carl Gustav Jung (1875-1961) atribui à religião um papel importante na vida das pessoas. Assim como Freud (1856-1939), Jung parte do inconsciente. Na expressão simbólica do inconsciente, ele encontra coincidências entre diferentes religiões, culturas e indivíduos. A partir disso, desenvolve a teoria do Inconsciente Coletivo, que apresenta as mesmas estruturas para todas as pessoas, os assim chamados Arquétipos. No Inconsciente Coletivo são coligidas as experiências humanas fundamentais, como acontecimentos naturais, experiências de vida, seres transcendentes, como o demônio, e a unidade da própria pessoa, o Self (em alemão, Selbst). Essas experiências fixaram-se como imagens originárias, denominadas por Jung de Arquétipos. Estes são transmitidos de geração em geração e ocorrem, por isso, em todas as culturas. As imagens arquetípicas, em geral, não são compreensíveis, precisando ser decifradas. A religião está presente sobretudo na idade adulta. O arquétipo "Deus" aparece com cada vez mais clareza. O organismo tem o objetivo de integrar esse arquétipo. Esse fim é denominado também de Self. Para que o Self se desenvolva plenamente é necessário o entendimento com diferentes arquétipos.

Carl Gustav Jung (1875-1961)