quarta-feira, 27 de agosto de 2014

27 De Agosto - Dia Do Psicólogo


      No dia 27 de agosto é comemorado no Brasil o Dia do Psicólogo. Nesta mesma data, no ano de 1964, a profissão foi regulamentada através da Lei 4.119/64.  

      A palavra Psicologia vem do grego: psique (alma) + logos (estudo). Ou seja, a Psicologia estuda a alma humana. Durante toda sua história, o homem buscou respostas para questões existenciais. A filosofia sempre se ocupou desta procura por respostas. Mas estas questões, por mais humanas que fossem, diziam respeito ao conjunto da sociedade, à humanidade como um todo.  

      Por outro lado, a Psicologia buscava não uma definição do homem enquanto ser coletivo, mas sim do homem indivíduo, de suas angústias, suas inquietações.  

      Apesar de muitos filósofos e pensadores terem se ocupado da mente humana em seus estudos, foi apenas no século XVI que apareceu pela primeira vez o termo Psicologia, quando o humanista croata Marco Marulik publica A Psicologia do Pensamento Humano.  

      Ainda assim, um conceito de Psicologia, tal como conhecemos hoje, só veio surgir no século XIX, através das formulações de Wilhelm Wundt que, em 1879, criou o primeiro laboratório de Psicologia, em Leipzig , na Alemanha. Suas idéias, porém estavam ainda muito atreladas a conceitos fisiológicos e não avançaram muito.  

      Diversas escolas da Psicologia foram se desenvolvendo: Behaviorismo, Psicanálise, Gestalt, Desenvolvimentista, Humanismo. Cada uma dessas escolas tem uma perspectiva diferente de estudo da Psicologia: para os behavioristas é o comportamento, para os psicanalistas é a alma através do inconsciente, para os Gestaltistas, é o homem por meio de sua percepção;  e, para os desenvolvimentistas, a relação desenvolvimento / aprendizagem.

Cada escola aborda o “eu” conforme sua ótica, mas todas se empenham em tratar os conflitos, as angústias e o equilíbrio emocional do indivíduo. A todos os profissionais que se dedicam ao bem estar psíquico das pessoas, sejam eles seguidores de Freud, Jung ou outros pensadores, um grande abraço.










sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Sobre A Psicoterapia

                                                Resumo Do Texto: Sobre A Psicoterapia


      1° A Diferença Entre O Método Sugestivo E O Método Analítico - Observo que esse método (Analítico) é muito confundido com o Tratamento Hipnótico por Sugestão; e reparei nisso porque, com relativa frequência, colegas de quem aliás não sou o homem de confiança enviam-me pacientes - doentes refratários, é claro - com o pedido de que eu os hipnotize. Ora, ocorre que há uns seis anos já não tenho usado a Hipnose para fins terapêuticos (salvo em algumas experiências isoladas), de modo que costumo mandar esses encaminhamentos de volta com o conselho de que quem confia na Hipnose deve praticá-la pessoalmente. Na verdade, há entre a técnica Sugestiva e a Analítica a maior antítese possível, aquela que o grande Leonardo da Vinci resumiu, com relação às artes, nas fórmulas per via di porre e per via di levare. A pintura, diz Leonardo, trabalha per via di porre, pois deposita sobre a tela incolor partículas coloridas que antes não estavam ali; já a escultura, ao contrário, funciona per via di levare, pois retira da pedra tudo o que encobre a superfície da estátua nela contida. 


Leonardo da Vinci

      De maneira muito semelhante, senhores, a Técnica da Sugestão busca operar per via di porre; não se importa com a origem, a força e o sentido dos sintomas patológicos, mas antes deposita algo - A Sugestão - que ela espera ser forte o bastante para impedir a expressão da ideia patogênica. 




      A Terapia Analítica, em contrapartida, não pretende acrescentar nem introduzir nada de novo, mas antes tirar, trazer algo de fora, e para esse fim preocupa-se com a gênese dos sintomas patológicos e com a trama psíquica da ideia patogênica, cuja eliminação é sua meta. Por esse caminho de investigação é que ela faz avançar tão significativamente nossos conhecimentos. Se abandonei tão cedo a Técnica Sugestiva, e com ela, a Hipnose, foi porque não tinha esperança de tornar a Sugestão tão forte e sólida quanto seria necessário para obter a cura permanente. Em todos os casos graves, vi a Sugestão Introduzida voltar a desmoronar, e então reaparecia a doença ou um substituto dela. Além disso, censuro essa técnica por ocultar de nós o entendimento do jogo de forças psíquico, ela não nos permite, por exemplo, identificar a Resistência com que os doentes se aferram a sua doença, chegando em função disso a lutar contra sua própria recuperação; e é somente a Resistência que nos possibilita compreender seu comportamento na vida.


                                 

Sobre A Psicoterapia

                                                    Resumo Do Texto: Sobre A Psicoterapia


      1° Qual Método Psicoterápico Seria Mais Eficiente? - Há muitas espécies de Psicoterapia e muitos meios de praticá-la. Todos os que levam à meta da recuperação são bons. Nosso consolo corriqueiro, que tão liberalmente dispensamos aos enfermos - "Você logo ficará bom de novo!" -, corresponde a um dos métodos Psicoterapêuticos; mas agora que temos discernimento mais profundo da natureza da neurose, não somos obrigados a ficar restritos a esse consolo. 

      Desenvolvemos a técnica da Sugestão Hipnótica, a Psicoterapia através da Distração, do Exercício e da Provocação de afetos mais oportunos. Não menosprezo nenhuma delas e utilizaria todas em condições apropriadas. Se realmente me restringi a um único procedimento terapêutico, ao método que Breuer chamou "Catártico", mas que prefiro chamar de "Analítico", foram apenas motivos subjetivos que me decidiram a fazê-lo.

      Em decorrência de minha participação na criação dessa Terapia, sinto-me pessoalmente obrigado a me dedicar a explorá-la e a construir sua técnica. Posso asseverar que o método Analítico de Psicoterapia é o mais penetrante, o que chega mais longe, aquele pelo qual se consegue a transformação mais ampla do doente. Abandonado por um momento o ponto de vista terapêutico, posso acrescentar em favor desse método que ele é o mais interessante, o único que nos ensina algo sobre a gênese e a interação dos Fenômenos Patológicos. Graças ao discernimento do mecanismo das doenças anímicas que ele nos faculta somente ele deve ser capaz de ultrapassar a si mesmo e de nos apontar o caminho para outras formas de influência terapêutica.



quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Sobre A Psicoterapia

                                                                      Sobre A Psicoterapia


                                                                     Nota Do Editor Inglês

                                                               ÜBER PSYCHOTHERAPIE

                     
                                               (a) EDIÇÕES ALEMÃS:

                                                (1904 12 de dezembro: pronunciada como conferência perante o Wiener                                                      medizinisches Doktorenkollegium.)
                                                1905 Wien. med. Presse, 1° de janeiro, pp. 9-16.
                                                1906 S.K.S.N. I, pp. 205-217. (1911, 2ª ed., pp. 201-212; 1920, 3ª ed.;                                                   1922, 4ª ed.)
                                                1924 Technik und Metapsychol., pp. 11-24.
                                                1925 G.S., 6, pp.11-24.
                                                1946 G.W., 5, pp. 13-26.


                                                (b) TRADUÇÃO INGLESA:

                                                               "On Psychotherapy"

                                                 1909 S.P.H., pp. 175-185. (Trad. de A.A. Brill.) (1912, 2ª ed., 1920, 3ª                                                     ed.)
                                                  1924 C.P., 1, pp.249-263. (Trad. de J. Bernays.)


      A presente tradução [inglesa] é uma versão consideravelmente modificada da que se publicou em 1924.
     
      Esta parece ter sido a última conferência a ser proferida por Freud perante uma plateia exclusivamente médica. (Cf. Jones, 1955, p. 13.)


                                                              Resumo Sobre A Psicoterapia


      1° Publicada Em 1924 - Ainda hoje, a Psicoterapia se afigura a muitos médicos como um produto do misticismo moderno, e, comparada a nossos recursos terapêuticos físico-químicos, cuja aplicação se baseia em conhecimentos fisiológicos, parece francamente acientífica e indigna do interesse de um investigador da natureza. Permita-me, pois, defender ante os senhores a causa da Psicoterapia e destacar o que pode ser qualificado de injusto ou errôneo nessa condenação.





      2° Sobre A Psicoterapia - Em primeiro lugar, permitam-me lembrar-lhes que a Psicoterapia de modo algum é um procedimento terapêutico moderno. Ao contrário, é a mais antiga terapia de que se serviu a medicina. Na instrutiva obra de Loewenfeld, Lehrbuch der gesamten Psychotherapie [1897], os senhores podem verificar quais eram os métodos da medicina primitiva e da medicina da Antiguidade. A maioria deles deve ser classificada de Psicoterapia; induzia-se nos doentes, com vistas à cura, um estado de "expectativa crédula" que ainda hoje nos presta idêntico serviço. Mesmo depois que os médicos descobriram outros meios terapêuticos, os esforços psicoterápicos desta ou daquela espécie nunca desapareceram da medicina.





      3° Tratamento Das Psiconeuroses - As Psiconeuroses são muito mais acessíveis às influências anímicas do que a qualquer outra medicação. Não é um ditado moderno, e sim uma antiga máxima dos médicos, que essas doenças não são curadas pelos medicamentos, mas pelo médico, ou seja, pela personalidade do médico, na medida em que através dele exerce uma influência psíquica. Bem sei, senhores colegas, que muito lhes agrada a visão a que o esteta Fischer deu expressão clássica em sua paródia do Fausto:


                                                               Ich weiss, das Physikalische
                                                               Wirkt öfters aufs Moralische.    

                                                               Sei que o físico
                                                               Amiúde influencia o moral.

       Porém não seria mais adequado, e mais frequentemente acertado, dizer que se pode influir sobre o lado moral de um homem com meios morais, ou seja, psíquicos?



domingo, 3 de agosto de 2014

Algumas Lições Elementares De Psicanálise

                                              Resumo Do Capítulo: A Natureza Do Psíquico


      1° A Natureza Do Psíquico - A Psicanálise constitui uma parte da ciência mental da Psicologia. Também é descrita como 'Psicologia Profunda'; mais tarde, descobriremos porquê. Se alguém perguntar o que realmente significa 'O Psíquico', será fácil responder pela enumeração de seus constituintes: nossas Percepções, Ideias, Lembranças, Sentimentos e Atos Volitivos - todos fazem parte do que é Psíquico. Mas se o interrogador for mais longe e perguntar se não existe alguma qualidade comum, possuída por todos esses processos, que torne possível chegar mais perto da Natureza, ou, como as pessoas às vezes dizem, da Essência do Psíquico, então será mais difícil fornecer uma resposta.




      2° Psicologia: Uma Ciência Natural - Também a Psicologia é uma Ciência Natural. O que mais pode ser? Mas seu caso é diferente. Nem todos são bastante audazes para emitir julgamento sobre assuntos físicos, mas todos - tanto o filósofo quanto o homem da rua - tem sua opinião sobre questões psicológicas e se comportam como se fossem, pelo menos, Psicólogos Amateurs. E agora vem a coisa notável. Todos - ou quase todos - concordaram que o que é Psíquico tem realmente uma qualidade comum na qual sua essência se expressa, a saber, a qualidade de ser Consciente - única, indescritível, mas sem necessitar de descrição. Tudo o que é Consciente, dizem eles, é Psíquico, e, inversamente, tudo o que é Psíquico é Consciente; isso é auto-evidente e contradizê-lo é absurdo. Não se pode dizer que essa decisão lance muita luz sobre a natureza do Psíquico, pois a Consciência é um dos fatos fundamentais de nossa vida e nossas pesquisas dão contra ele como contra uma parede lisa, e não podem encontrar qualquer caminho além.   


      3° - ... Não se pode desprezar por muito tempo o fato de que os Fenômenos Psíquicos são em alto grau dependentes das influências somáticas e o de que, por seu lado, possuem os mais poderosos efeitos sobre os processos somáticos. 


      4° O Que É Psíquico? - A Psicanálise escapou a dificuldades como essas, negando energicamente a igualação entre o que é Psíquico e o que é Consciente. Não; ser Consciente não pode ser a essência do que é Psíquico. É apenas uma qualidade do que é Psíquico, e uma qualidade inconstante - uma qualidade que está com muito mais frequência ausente do que presente. O Psíquico, seja qual for a sua natureza, é em si mesmo Inconsciente e provavelmente semelhante em espécie a todos os outros processos naturais de que obtivemos conhecimento.



      5° A Relação Do Consciente Com O Psíquico - A questão da relação do Consciente com o Psíquico pode agora ser considerada resolvida: a Consciência é apenas uma qualidade inconstante. Mas há ainda uma objeção com a qual temos de lidar. Dizem-nos que, apesar dos fatos mencionados, não há necessidade de abandonar a identidade entre o que é Consciente e o que é Psíquico: os chamados Processos Psíquicos Inconscientes são os processos orgânicos que há muito tempo foram reconhecidos como correndo paralelos aos mentais. Isso, naturalmente, reduziria nosso problema a uma questão aparentemente indiferente de definição. Nossa resposta é que seria injustificável e inconveniente provocar uma brecha na unidade da vida mental em benefício da sustentação de uma definição, de uma vez que é claro, seja lá como for, que a Consciência só nos pode oferecer uma cadeia incompleta e rompida de fenômenos. 


      6° O Conceito De Inconsciente - ... Um filósofo alemão, Theodor Lipps, afirmou muito explicitamente que o Psíquico é em si mesmo Inconsciente e que o Inconsciente é o verdadeiro Psíquico. A Psicanálise apossou-se do conceito de Inconsciente, levou-o a sério e forneceu-lhe um novo conteúdo. Por suas pesquisas, ela foi conduzida a um conhecimento das características do Inconsciente Psíquico que até então não haviam sido suspeitadas, e descobriu-se algumas das leis que o governam. Mas nada disso implica que a qualidade de ser Consciente tenha perdido sua importância para nós. Ela permaneceu a única luz que ilumina nosso caminho e nos conduz através das trevas da vida mental. Em consequência do caráter especial de nossas descobertas, nosso trabalho científico em Psicologia consistirá em traduzir processos Inconscientes em Conscientes, e assim preencher as lacunas da Percepção Consciente...